20
fev
2016

Meu Filho…

Enquanto ele e a família tentam superar a dor da perda do filho, os acusados seguem aguardando julgamento em liberdade.

Por Rubem Soares*

Passaram-se já 16 meses, entretanto, parece que foi ontem, e eu não consegui fazer uma homenagem escrita ao meu filho. É muito difícil buscar adjetivos para uma pessoa tão bondosa, solidária e amiga.

Falar do Brunno pode parecer que eu esteja falando de um santo, embora saiba que o mesmo não o era, porém ele era diferente. Todos que o conheceram sabem exatamente do que estou falando.

Sabia que meu filho era uma pessoa especial, todavia, não conseguia mensurar o quanto, e somente após sua “morte”, é que tive conhecimento do que ele fazia pelas pessoas, sem que ninguém tomasse conhecimento, isso é ser bom de verdade.

Hoje, minha vida é um vazio total, nada mais me motiva, não obstante as manifestações dos amigos, na tentativa de confortar-me, ao dizerem que ele está em um bom lugar. Isto para mim não é o suficiente, aliás, nenhuma palavra será suficiente para diminuir minha dor e sofrimento com a perda de um filho tão querido.

Meu maior sofrimento é achar que a qualquer momento o Brunno vai aparecer. Eu acredito nisso, mas depois caio na real.

Eu morri, continuo andando, comendo, falando, respirando, mas é só isso. Onde está minha alegria? meu prazer de viver? foram-se, naquele fatídico 06 de outubro.

Por mais que o dia seja de sol forte, sempre me parece nublado, ergo meus olhos para o céu na esperança de ver alguma coisa que me diga que ele continua aqui, mas não consigo ver nada. À noite vejo as estrelas e me pergunto: em qual delas ele estará. Parece loucura, talvez até seja, mas meu amor justifica tantos devaneios.

Espero sinceramente que um dia eu possa reencontrar meu filho querido, caso contrário, aí sim posso dizer, a vida foi muito injusta comigo, ou melhor, a vida foi muito injusta com ele.

Mesmo após tantos dias passados, as lágrimas continuam a escorrer pelo meu rosto, e digo: nada vai me confortar. Prisão para os assassinos? Que prazer isso me daria? Nenhum. Prazer seria ter ao meu lado o amor da minha vida: Brunno Eduardo Matos Soares, meu filho!!!

* Pai do advogado Brunno Matos, assassinado covardemente no dia 6 de outubro de 2014, no Olho D´Agua, em São Luís.

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