23
set
2015

Dólar fecha a R$ 4,05, maior valor da história do real

Incertezas sobre a situação fiscal e turbulências políticas no Brasil fizeram moeda americana superar o recorde anterior, de 3,99 reais, de outubro de 2002

DólarO dólar fechou nesta terça-feira a 4,05 reais, seu maior valor desde a criação do real, em 1994. A alta no dia, de 1,83%, foi puxada principalmente por incertezas sobre a situação fiscal do país e as turbulências políticas.

Antes desta terça, o valor mais elevado de fechamento havia sido o de 10 de outubro de 2002, quando a moeda encerrou a sessão a 3,99 reais. Na época, a valorização do dólar foi impulsionada especialmente pelas incertezas sobre os destinos do país com a possível eleição do então candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT), naquele momento uma incógnita para o mercado financeiro.

No cenário político, as atenções se concentraram na expectativa em torno da sessão conjunta da Câmara e do Senado, na qual os parlamentares vão decidir se mantêm ou derrubam vetos a projetos feitos pela presidente Dilma Rousseff. A derrubada, se ocorrer, atrapalha ainda mais os esforços fiscais do governo – os vetos tentam impedir gastos públicos de 127,8 bilhões de reais até 2019.

Os economistas ainda veem a crise atual como mais grave do que a vivida em outubro de 2002. Guardadas as suas peculiaridades, a economia daquela época também se deparava com uma crise de confiança, mas que logo foi resolvida com os acenos de Lula ao mercado. “Naquela época a economia teve avanços institucionais, em termos de política econômica e manutenção do tripé econômico. Hoje, a economia está doente, os fundamentos estão machucados”, avalia a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif.

O economista-chefe da TOV Corretora, Pedro Paulo Silveira, diz que a alta do dólar deve pressionar a dívida bruta do país, mas, por outro lado, pode aliviar o setor externo, estimulando a competitividade da indústria. Ele acrescenta que a trajetória de ajuste passa pela desvalorização do real. “O ideal seria termos, aliado ao ajuste do câmbio, também o ajuste fiscal. Como não há, a intensidade de alta do dólar acelera”, explica.

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