08
maio
2020

Dino diz que ida de Bolsonaro ao Supremo foi “ridícula e inédita” e revelou sua ignorância institucional

Flávio Dino critica ida de Jair Bolsonaro ao Supremo levando empresários para pedir apoio contra isolamento social

“Essa ridícula e inédita ´marcha sobre o Supremo` ratifica que Bolsonaro não tem a menor noção de como funcionam a Constituição, a forma federativa de Estado e a relação entre os três Poderes. Já se imagina um ditador. Não será”.

Com essa declaração, que mistura consciência institucional, convicção política e forte dose de acidez, o governador Flávio Dino (PCdoB) criticou duramente a clara tentativa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), acompanhado de ministros e empresários de emparedar ontem o Supremo Tribunal Federal fazendo uma visita de surpresa ao seu presidente, ministro Dias Toffoli, com o nítido objetivo de constranger a Corte.

“Ele tentou matar a Federação”, reforçou o governador, ontem à noite, ao participar da Brazil Conference, juntamente com outros três governadores, considerando a iniciativa presidencial uma tentativa agressiva, mas fracassada, de romper a harmonia e a independência dos Poderes da República.

De fato, jamais se viu na História republicana– recheada de episódios surpreendentes – um momento tão sem lógica como a tal “marcha sobre o Supremo” de ontem comandada pelo presidente da República, acompanhado de “45% do PIB” e de ministros-generais. Nem os generais ditadores que se revezaram no comando do Brasil durante as duas décadas do regime de chumbo se deram o direito de protagonizar tal patacoada.

A reunião, que seguiu rigorosamente um roteiro traçado no terceiro andar do Palácio do Planalto, com o presidente da República dando senhas para que o ministro Paulo Guedes e empresários se manifestassem, foi transmitida ao vivo por assessores do presidente sem qualquer consulta ao dono da Casa.

O objetivo foi buscar o apoio do Supremo aos esforços do presidente e de alguns barões da indústria para minar a luta dos governadores e prefeitos contra o avanço do novo coronavírus por meio do isolamento social. A pressão não funcionou, porque Dias Toffoli reagiu avaliando que os governadores e prefeitos estão certos ao priorizar a vida e qualquer projeto de flexibilização terá de ser negociado com eles.

Não precisa ser constitucionalista para perceber com clareza que o presidente da República cometeu, no mínimo, uma incoerência institucional quando levou ministros e representantes de “45 do PIB” à Corte maior para choramingar suas perdas econômicas por causa das medidas de isolamento social.

Uma análise mais aprofundada certamente concluirá que ao comandar tal visita fora de hora e fora das regras, o presidente causou uma perigosa lesão na relação institucional com o Judiciário.

Qualquer cidadão medianamente esclarecido sabe que no estado democrático de direito a boa relação entre os Poderes não significa compadrio entre os chefes do Executivo, do Judiciário e do Legislativo.

Ao contrário, a chave do equilíbrio está exatamente no fato de que os Poderes são independentes e que a harmonia prevista na Carta Magna é fruto dessa independência. Então, se o presidente da República quer agradar aos “45% do PIB”, deve procurar dois caminhos, como assumir a posição de líder da Nação e abrir um amplo canal de entendimento político com governadores e prefeitos, sem viés partidário – ele nem partido tem -, e sem a estupidez ideológica que via de regra embala os atos de apoio organizado pela sua turma; ou então usar sua força política no Congresso Nacional para definir novas regras, o que para ele é impossível.

Jair Bolsonaro não enveredará por nenhum dos dois caminhos, pois não tem a dimensão do que é ser um líder, e também porque não tem cultura política nem compreensão institucional, exatamente pelo fato de que, como diz o governador Flávio Dino, “ele (Jair Bolsonaro) não tem a menor noção de como funcionam a Constituição, a forma federativa de Estado e a relação entre os três Poderes”.

1 Comentário

  1. José Ribeiro disse:

    Esses 02 merdas de governadores do Maranhão e São Paulo, em especial o de São Paulo, deveriam era criar vergonha na cara e tratarem de tentar diminuir esses alarmantes números altos de óbitos, principalmente em São Paulo, que é o epicentro de número de infectados e mortos. Eles sim, são os maiores responsáveis, respectivamente por esse caos sanitário em seus estados.
    Ambos estão utilizando essa questão da pademia como forma de praticarem uma politicagem insana, porca e cretina, visando sim as eleições de 2022. Porém, ambos não possuem a menor chance. Por um lado, Flavio Dino, que veste as cores e ideologias do PT, em especial do bandido do Lula( na qual sofre uma imensa rejeição); por outro lado temos o João Doria, um empresariozinho de meia tigela, que resolveu se aventurar na política e tudo para ele é PRIVATIZAR(manda ele fazer isso com a mãe) e está mais perdido do que cego em tiroteio nessa questão da covid-19, dentre outras coisas.

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