set
2014
Cláudio Barcelos responderá por corrupção passiva, prevaricação e facilitação de fuga
A Casa de Detenção do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, já tem novo diretor. Pastor Noleto Gomes da Silva assume o cargo de Cláudio Barcelos, preso preventivamente na manhã desta segunda-feira (15), suspeito de receber dinheiro para facilitar fugas e saídas de detentos da unidade prisional, segundo informações da Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic) do Maranhão.
A Casa de Detenção (Cadet) é uma das sete unidades do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, que também é formado pelo presídio feminino, Centro de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ), Presídios São Luís I e II, Triagem, e Centro de Detenção Provisória (CDP). O Complexo é conhecido internacionalmente pelos problemas de segurança gerados por fugas e mortes, e também foi palco de brigas de facções, com presos decapitados. Somente na Casa de Detenção, nos últimos 11 meses, 10 detentos morreram no local e pelo menos 20 ficaram feridos após briga entre facções criminosas.
O novo titular da Cadet, Pastor Noleto, como é conhecido, era o diretor do Centro de Triagem, também em Pedrinhas. O substituto para a direção da Triagem ainda não está decidido, de acordo com o secretário de Estado de Justiça e Administração Penintenciária (Sejap), Sebastião Uchoa.
O titular da Sejap afirmou que a escolha para o cargo de diretor do presídio é feita a partir dos profissionais que já atuam no universo prisional, e que fizeram o Curso Avançado de Gestão Penitenciária, de 180 horas, oferecido pela escola de gestão penitenciária.
Entenda a troca de comando
Cláudio Barcelos foi preso suspeito de facilitar fugas e saídas de detentos da unidade prisional que dirigia, durante uma operação realizada pela Polícia Civil. Vários documentos e notebooks foram apreendidos – até um cartão de crédito em nome de um ex-detento de Pedrinhas foi encontrado. Segundo a Seic, ele poderá responder por corrupção passiva, facilitação de fuga e prevaricação (crime praticado por funcionário público contra a administração pública).
De acordo com o delegado que preside o inquérito, André Gossain, ele admitiu durante o depoimento ter liberado quatro presos, mas nenhum por dinheiro em troca. “Ele afirma que eram detentos de boa conduta, e que também autorizava saídas temporárias, mas que ficava monitorando os beneficiados. Concidentemente, um dos presos voltava para o presídio quando o diretor era preso. Vamos ouví-lo agora”, afirmou o delegado.
As investigações contra o diretor da Cadet tiveram início em junho, quando a Superintendência de Investigações Criminais começou a perceber que presos que deveriam prestar depoimentos em audiências não compareciam porque haviam fugido, sem sequer a informação constar no sistema penitenciário. De acordo com o superintendente da Seic, Luís Jorge, as fugas não ocorreram coletivamente.
“A maioria dos detentos que fugiram da Cadet era assaltantes. Começamos a ver que bandidos que não tinham família aqui eram beneficiados com saídas temporárias de datas comemorativas e não retornavam, por exemplo. As fugas normalmente eram pela porta da frente, com alvará falso, ou de outros processos. Percebemos que tinha gente de dentro facilitando, pois era amador demais”, afirmou o superintendente.
As suspeitas ganharam maior sustentação há cerca de 20 dias, quando três homens que assaltaram um carro-forte em Sítio Novo, MA, fugiram. “Eles são de alta periculosidade. Fomos no sistema e vimos que eles estavam ativos, como se ainda estivessem presos. O diretor tomava decisões sem o conhecimento da Vara de Execuções Penais. Dava a sentença dos presos como se fosse o próprio juiz. Temos informações de que outros negociavam passar um fim de semana fora, uma semana fora, e depois voltavam. Ele ligava para os presos avisando para retornar, pois teria recontagem”.
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