Por Marizélia Ribeiro – pediatra e professora UFMA
Uma coluna do Jornal Pequeno, em seu ti-ti-ti domingueiro, costuma brincar com políticos, gestores e figuras conhecidas da sociedade maranhense. E pode até ser divertido quando não ofensivo!
Contudo, extrapolou nesse trecho publicado no impresso de 06 de dezembro de 2015: “deficientes visuais que quando empacam com uma coisa não conseguem enxergar um palmo adiante do nariz”.
O Jornal Pequeno foi preconceituoso e estigmatizador. Desrespeitou a luta de famílias, profissionais, movimentos sociais e o Estado brasileiro pela inclusão de deficientes.
Como se não bastasse, seu editor deixou que fosse publicado, nesse mesmo impresso de 06/12/2015, o artigo “A microcefalia petista”.
Estamos acompanhando, como profissionais de saúde e população, a apreensão de gestantes diante de uma “epidemia” de bebês com microcefalia que aponta o Zyca vírus como provável responsável. E o sofrimento de mães e famílias que não sabem como crescerão suas crianças já diagnosticadas com o problema.
Eu tive uma irmã com microcefalia que faleceu aos 5 anos de idade. Era tão grande a preocupação de minha mãe em morrer e deixar a minha irmã aos cuidados de alguém que não pudesse ter a mesma dedicação e cuidado que lhe destinava (o meu pai trabalhava, embora fosse exemplo de dedicação à minha irmã e a nós), que alguns momentos de sua tristeza, inclusive no cantar, não saíram de minha memória.
Não se brinca com a dor alheia Jornal Pequeno! Brincadeira tem hora!
0 Comentários